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Por que incentivar hábitos saudáveis?
Hábitos inadequados são as causas das doenças crônicas não transmissíveis, as que mais matam no Brasil
02/08/2022
Sabe-se que o perfil das causas de morte no Brasil tem mudado nas últimas décadas. As transições epidemiológica e demográfica ocorrem de forma acelerada, bem como o envelhecimento populacional e o aumento das mortes por doenças crônicas e causas externas.
Essas mortes prematuras estão, em grande parte, ligadas a fatores de risco que podem ser prevenidos e alterados, como obesidade, hábito alimentar inadequado, inatividade física, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, poluição ambiental e saúde mental. Em 2019, 54,7% dos óbitos registrados no Brasil foram causados por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e 11,5% por agravos. Essas mortes ocorrem principalmente na faixa etária de 30 a 69 anos, ou seja, a maioria da População Economicamente Ativa (PEA). Segundo documento da WHO, para cada 1 dólar investido nas ações para tratar as DCNT haverá um retorno de pelo menos 7 dólares em aumento de empregos, produtividade e longevidade.
Ainda, o estudo “Tendências Globais dos Custos de Saúde 2022”, revela que o tratamento inadequado do estresse e a falta de atividade física estão entre os três principais fatores de risco que impulsionam custos médicos adversos futuros. As iniciativas de bem-estar continuam consolidando sua posição como a principal medida de mitigação dos custos. Um exemplo é o aumento da atividade física, das medidas de peso saudável e cuidados com as costas. Nesse contexto, doenças osteomusculares estão entre as maiores causas de afastamento no trabalho. Sobre os serviços relacionados com condições crônicas, pouco menos de 30% dos países observaram redução na utilização em 2020/2021 em comparação com os níveis pré-pandemia.
Especialistas esperam um aumento contínuo do custo do plano de saúde devido ao envelhecimento da população, declínio geral da saúde, maus hábitos de estilo de vida e maior prevalência de condições crônicas, pois esses continuam sendo fenômenos globais que são ainda mais acentuados pelos possíveis impactos de longo prazo causados por tratamentos e rotina de acompanhamento adiados, como resultado da pandemia da covid-19.
É por isso que as políticas de saúde que criam ambientes propícios para escolhas saudáveis e acessíveis são essenciais para motivar as pessoas a adotarem e manterem comportamentos saudáveis.
Situação brasileira
As principais doenças crônicas no Brasil são:
• hipertensão
• diabetes
• sobrepeso e obesidade
• tabagismo
• acidente vascular encefálico
• doenças cardiovasculares
• câncer
• doenças respiratórias crônicas.
Mas, como incentivar hábitos saudáveis entre os colaboradores?
Os principais fatores de risco comportamentais podem ser modificados de algumas formas. Por políticas públicas que regulamentem e reduzam, por exemplo, a comercialização, o consumo e a exposição de produtos danosos à saúde. O plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis no Brasil, 2021-2030 (Plano de Dant), é a diretriz para a prevenção dos fatores de risco para a promoção da saúde da população. Algumas das estratégias citadas são:
1- “Estabelecer parcerias com o setor privado para o desenvolvimento de ações voltadas à promoção da saúde, saúde mental, segurança no trabalho e prevenção das DCNT para os trabalhadores e empregadores, englobando mudanças nos processos produtivos, nas formas de gestão e organização do trabalho e nos ambientes de trabalho.”
2- “Promover ações de promoção em saúde e segurança no trabalho considerando intervenções nos fatores de risco ocupacionais, priorizando grupos de trabalhadores mais vulneráveis, como os informais, menores de 18 anos, idosos, gestantes, trabalhadores em situação análoga à escravidão, entre outros.”
3- “Desenvolver ferramentas digitais para promoção do autocuidado em doenças crônicas, incluindo a obesidade, e de hábitos de vida saudáveis considerando a alimentação adequada e saudável e a prática de atividade física.”
4- “Estimular o desenvolvimento de ambientes saudáveis no trabalho por meio da promoção de ações da alimentação saudável e adequada segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, por exemplo, reduzindo o consumo de alimentos ultraprocessados, estimulando o consumo de alimentos in natura e minimamente processados produzidos de forma saudável e sustentável, redução do consumo de sal e açúcar adicionados.”
5- “Estimular o desenvolvimento de ambientes saudáveis no trabalho por meio da oferta de serviços voltados à prática de atividade física e do lazer. Construir subsídios para a implementação de programas de incentivo à atividade física e redução do comportamento sedentário no trabalho nos setores público e privado.”
Para finalizar, o estudo Tendências Globais dos Custos de Saúde 2022, diz que “a solução estrutural de longo prazo envolve o fornecimento de benefícios robustos de saúde e bem-estar para todos os funcionários e suas famílias, o que pode promover ativamente uma força de trabalho saudável.”
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*Colaboraram Deisi Paloschi Rose e Eduardo Weigang De Campos, analistas de Segurança e Saúde do Sesi Paraná.